sábado, 1 de setembro de 2012

Um adeus para o fiel amigo

Tomava banho de lago todos os dias e escovava seu pelo na grama dura de um barranco íngreme. Os dentes limpava com o bagaço da cana ou um caroço de manga e, também nos finais de semana, quando roía um osso de costela.

Pretinho, não tinha frescura e não precisava dos cuidados que os cachorros de hoje têm. Não tinha pulgas e de tempos e tempos sumia para se enrabichar com alguma cadela da região. Chegava magro, triste de tanta esbórnia.

 Teve uma vez que até perdeu parte da pelagem. A vizinha, cansada de ver a cadela no cio se entregar para aquele cachorro preto, jogou água quente em seu dorso, que ficou pelado por uns 4 meses. Achávamos que não nasceria mais nenhum pelo naquele lugar. Mas Pretinho é cachorro forte e os tufos logo começaram a brotar.

Seu vigor era tanto que junto com a Queen, sua companheira na época, saíram para caçar pelos matos de Piedade e trouxeram uma gazela inteira. Comeram a carne durante dias e parecia que sentiam orgulho do cheiro da carniça que vinham de suas mandíbulas.

 A noite, quando esticávamos um cobertor no gramado para ver as estrelas, deitava no meio da garotada como se fizesse parte da nossa raça e como se estendesse alguma coisa das constelações.

Descansou depois de ver o lago, que se banhava todos os dias, recuperado. Esperou que passássemos mais um final de semana com ele. O último e ele sabia disso. Com o corpo rígido e já com os seus 17 anos, um centenário se fosse um homem, desceu as duas vezes que fomos ver a farra dos cães mais novos no espaço que ele se fazia um dos cachorros mais livres que já se ouviu falar.

 Obrigada, negô.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Hoje, mal que estou, sem muita força para mudar o destino pacato, sem saber direito que rumo tomar, sem saber se estou no caminho certo. Hoje, esse texto me fez ver um sofrimento próximo, apesar de incomparável ao meu. A vida é mesmo difícil de ser compreendida. http://www.fotogarrafa.com.br/2010/02/a-mulher-que-alimentava/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dureza



Se o mundo é mais irônico do que justo, a expressão cair do cavalo deve ter um forte humor negro nesse mês em que o meu inferno astral se inicia.

Engessar o braço é uma merda. Perdão a palavra. É difícil para abrir a calça e mijar, é difícil fazer um rabo de cavalo para colocar a touca de banho, é difícil lavar a cabeça, espantar um inseto que pousou no braço oposto do quebrado. É impossível dirigir por longas distancias e sair para esquecer do mundo. Tomar um ar.

O gesso não imobiliza só o membro quebrado. Ele paralisa a sua liberdade. E para uma sagitariana, isso é quase que uma camisa de força. É estar num calor de 40 graus de biquíni, com uma piscina azulada na sua frente, e não poder pular. É triste e dói.

Dói principalmente pela Lis, que perdeu o aconchego completo de mãe. Perdemos as mamadas em que olhávamos nos olhos, quando ela ainda estava acordada. Perdemos as trocas de fraldas que tentávamos nos entender, perdemos a abelhinha, as idas sozinhas ao parquinho. Perdemos.

Serão dias nulos, que não mais voltarão, e sinto que terei que passar sozinha, me remoendo por dentro, enquanto a minha mãe dá uma baita força para repor o amor que não posso dar por completo.

Vamos em frente.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Imaginava como seria o parto normal. E pensava: como iria passar uma criatura por aquele canal onde um O.B. médio resolve



Relato para a Pati Zen:

Minhas contrações começaram dia 02/12 às 22h30, quando estava montando um álbum de fotografias. Na hora percebi que a dor foi diferente das pequenas contrações que estava acostumada a ter, as chamadas Braxton-hicks. Essas contrações fortes começaram com intervalos de mais ou menos 23 min. Foi assim até às 5h da manhã do dia seguinte, qdo as contrações passaram a ser com menos de 10 min de intervalo. Neste momento, resolvemos ir para o hospital.

Mas antes disso, tinha vezes que achei que ia morrer de dor, tomei 2 banhos para aliviar a lombar, sabia que não podia ir antes para o hospital pois eles me mandariam de volta para a casa se não fosse a hora. Para relaxar, o Marcelo lia o livro “O que esperar quando está esperando” e foi lá que ele teve a certeza que as contrações tinham que ter no mínimo 10 min de intervalo para irmos para o hospital. Até aí, eu e o Marcelo tiramos o pijama e colocamos a roupa para sairmos 3x! Pq assim que vem a contração, vc acha que vai explodir de dor, que o bebê vai nascer, mas 1 segundo depois que a contração passa vc não se lembra mais da dor. Acho que a natureza faz isso para termos coragem de enfrentar o parto.

Às 5hs fomos para o hospital. Lá, eles mediram a intensidade das contrações, o intervalo e a minha dilatação, que por enquanto não tinha nenhuma, zero. Mesmo assim chamaram o meu médico e me deram buscopam na veia (o que não adiantou muito). Qdo o Dr. Ayres chegou, lá pelas 7hs, ele me deu ocitocina. Aí o bicho começou a pegar! Comecei a ter dilação, a bolsa estourou naturalmente e eu quase comecei a morrer de dor, pq o anestesista não chegava. Fui até quase 8 de dilatação sem epidural, as contrações emendavam uma na outra, era uma dor tremenda. Essa é a real, dói muito pra não falar um palavrão. Nem os banhos quentes que tomei melhoravam a dor. Tanto que queria muito o parto normal, mas qdo as contrações começaram a emendar uma na outra e o anestesista não chegava pedi para me cortarem, para ser cesárea. O médico que falou que estava louca.

Bom, o anestesista, que estava fazendo outro parto em outro hospital, chegou e quando ele deu a anestesia dormi rindo, juro por Deus que dormi rindo até a hora do parto. Até aí, foram mais de 12 hs de trabalho de parto. Eles me acordaram, mudei de cama e fui para a sala ao lado. Fiquei com mto enjôo, a pressão caia às vezes, mas o anestesista tomava conta desses males com os medicamentos.

Sentia as contrações, mas sem dor. E quando estava no ápice delas, eles me avisavam pra fazer força. A Lis nasceu dia 03 às 14h22 sem quase chorar. Calma e linda. Foi a maior emoção do mundo.

Com tudo, eu aconselho duas coisas: uma, confie em seu médico. Outra, tome anestesia. Não será um medicamento ou a forma de parto que irá descaracterizar sua força de mãe. Você sentirá muitas dores até chegar o momento certo de dar a anestesia. Se não me engano, vc tem que chegar com até 4 de dilatação para aplicarem o medicamento.

E para você já se preparar, mais difícil que o parto foi o pós-parto para mim. Porque o famoso pic que dão lá em baixo doeu muito e demorou dias para desinchar. Tive que sentar na almofada para hemorróidas, que apelidei de Hiroto, durante 1 mês inteiro.

Ahhh... o Hiroto. Ia pra cima e pra baixo comigo nessa casa, se não era inviável sentar no próprio rabo. Como doeu! Achava que não ia fazer sexo nunca. Mas isso daí já é outro assunto.

Pati, como diz o povo da Bahia, boa hora para você. Faça a oração da Nossa Senhora do Bom Parto e relaxe, a natureza é sábia. Tão sábia que eu nunca te vi tão bem.

Bjão e a maior saúde do mundo para vc e o Antonio. Boa hora.

p

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lis, por Juão França

Lis.
Nasceu a flor. Da Paula, do Marcelo,
do mundo.
O mundo tá mais bonito.
Viva a Lis!

Bjs. do Juão

Nós, a espera de Lis





Nos 10 dias que antecederam o parto, Summer foi cúmplice de toda preguiça, ansiedade e mudanças que meu corpo sentia com a chegada da Lis.

Logo que acordava e iniciava os exercícios de yoga , Summer também se espreguiçava parecendo querer acompanhar toda aquela ginástica. E quando chegava o momento da meditação, voltava a dormir e seu ronco se confundia com a minha respiração longa e pausada.

Summer teve a calma de um guru ao meu lado. Parecia que entendia o porque eu não aguentava mais levá-la para passear e agachar para brincar.

Summer esperou junto comigo a Lis e agora estou ansiosa para ver o encontro das duas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dona Bonita, por Rita Apoena



http://jornaldaspequenascoisas.wordpress.com/2010/10/27/dona-bonita/


"Dona Bonita: Sabia que ia nascer só uma vez, viu. Digo: vou nascer bonita primeiro porque pode da segunda vez eu errar, né? Então, vou aproveitar…
Ninha: “… vou caprichar agora…”
Mima: “… vou fazer bem feitinho.”
Dona Bonita: É lógico!
Ninha: “… para não ter erro!”
Dona Bonita: É, cada diabo que pula o que é seu, né?"
Por Rita Apoena
http://jornaldaspequenascoisas.wordpress.com/